segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vida de sapato

Sapato que nos agüenta,
Sapato que nos suporta.
Parece que nem se importa.
Quando é novo,
Quando é inexperiente,
Dedos doem igual dor de dente.
  Sapateia, sapateia...
  Mas por fim ele laceia,
  E aprende a servir.
É sapato ‘domado’.
Pé no sapato,
Cai como uma luva.
É parceria sem dúvida!
Quando é velho,
Quando é usado,
Dedo já está calejado.
Sapato é discreto,
Carrega sua carga e fica quieto.
Sem essa de ‘salto alto’.
Após tanto tempo de serviço,
Quando anda faz uns barulhos.
Médico de sapato é sapateiro.
Doutor troca o salto e a sola.
É a tal da ‘meia sola’.
Aí o doutor precisa usar a cola.
Isso não cheira bem!
Pedras se intrometem na parceria.
Momentos de dor.
Sapato se machuca.
O pé amigo, companheiro, se machuca.
Dificuldades no relacionamento.
É uma pedra no sapato!

Final do dia,
Após mais um dia de trabalho,
É esquecido num canto,
Ou até fora de casa.
Vontade de ser chinelo!
Uma graxa sempre vai bem.
Carinho que pouco se tem.
Lembranças do engraxate vêem.
Dia seguinte,
Mais um dia de labuta,
Mais um dia de luta,
Caminhadura.
Vida dura!
Vontade de ser pantufa!
Ele sabe que vai ser pisado.
Não tem escolha,
Tem de estar pronto e ponto!
Chega a ser desumano!
Mas sapato não é humano.
Mas é fiel,
Pronto pra aquecer,
Pronto pra proteger,
Aqueles pés que tanto te pisa.

Vida de gente,
Vida de sapato.
Consegue ver semelhanças?
Tem gente que vive igual sapato.
Tem gente que é feito de gato e sapato.
                                                   Janeiro 2011

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