domingo, 21 de agosto de 2011

Sessão da tarde

A história se repete.
Sala pequena e relógio na parede.
Igual ao relógio estou na parede.
Artilharia a postos,
E a contagem chegou a zero.
Canudo crp na parede.
Sinto-me como peixe na rede.

É hora da verdade.
Cadê você, mentira?
Está na sala de espera lendo revista.
Minhas mãos ficam no colo?
Arrumo o cabelo ou os óculos?
Cruzo as pernas,
Ou o contrário?
Não, talvez o contrário!
Ou não.
Às vezes tem música,
Pelos cantos da sala.
Aqui as paredes têm ouvido.
Onde está minha máscara?
Ficou com a outra,
Na sala de espera.

Aqui não é palco,
É bastidor.
À minha frente,
Meu inquisidor.
Papel, caneta e sorrisos.
Interrogações daquele lado.
Exclamações deste lado.
Pergunto.
A resposta é uma pergunta.
Respondo.
A pergunta é uma resposta.
Não falo.
Ouço uma pergunta.
Se choro perguntam por quê.
Coração e lenço,
Itens de papel,
Fáceis de encharcar e de rasgar.

Deu a hora,
Saio e vou embora.
Não é cinema, não,
Mas volto na próxima sessão.
Pego minha máscara,
E as cortinas se abrem...
Sem aplausos e alguns tomates.
                                     Agosto 2011

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