sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Rua dos Jasmins


Rua dos Jasmins,
Era o nome da minha rua.
Rua Amor Perfeito,
Era a rua da esquina.
Que esquina perfeita!
A rua onde eu morava,
Era de terra e muito pó.
Quando chovia,
A lama na rua e na calçada,
Era puro barro,
Na barra da minha calça,
Calça azul marinho.
A bola de capotão,
Era marrom chocolate.
A bola de meia,
Tinha cor de molecada.
O cheiro?...
O mato dos terrenos,
Guardava kichutes e congas,
Havaianas e bolas perdidas;
Pés de amoras fresquinhas,
Pipas e rabiolas destruídas,
Aranhas na surdina,
Pregos e ripas afiadas,
E a certeza de tomar vacina,
Na farmácia da vila vizinha.

Demorou mas o tapete chegou.
E o asfalto aterrou e enterrou,
A terra da minha rua.
E a bola perdeu,
Seu habitat natural.
Mas continuou a pular,
Mas sem levantar poeira,
E passou a balançar roseiras,
E encontrar varais e vidraças.
Os campinhos perderam o jogo,
Casas bonitas ganharam terreno,
Esgotos entraram pelo cano,
E o carvoeiro virou fumaça.

E o nome da rua mudou.
Igual a erva daninha,
Deceparam e desarraigaram,
A flor da minha rua.
Agora a placa lembra,
Alguém importante.
Tão importante,
Que a maioria não conhece.
Acho que foi algum projeto,
Algum trabalho muito importante,
De gente importante,
Que deu pouca importância,
Àquela rua de minha infância.

O bairro ainda tem,
Nome de Jardim Popular.
Mas as pessoas mudaram.
Quem era pequeno ficou grande.
Quem já era grande,
Continua por ali.
Alguns ainda estão lá,
Apenas na memória,
Ou pendurados,
E amarelados na parede.

Que saudade que me dá,
Quando lembro de minha infância,
Na Rua dos Jasmins,
Esquina com a Rua Amor Perfeito,
No bairro Jardim Popular.
                                                     Outubro 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário