segunda-feira, 7 de abril de 2014

Bom dia, cavalo!

Eu não quero fechar os olhos,
E passar a noite no escuro.
Preciso de meus olhos,
Pra olhar e contemplar,
A Lua e suas companheiras.

Eu não quero,
Ser mais um, não senhor,
A não saber dizer não.
Meu sim é precioso,
Mas meu não precisa ser usado,
Da melhor forma, sim!

Eu não quero,
Sair pelas ruas todo esperto,
Dizendo que isso ta certo,
E aquilo ta incorreto.
Eu tenho muita roupa suja,
E meu teto não agüenta uma agulha.

Eu não posso,
Por a mão no peito e cantar o hino,
Até chorar igual menino,
E enquanto isso,
Rotular meus patrícios,
Como nordestinos ou nortistas,
Como paraíbas ou sulistas;
E querer enxotá-los,
Num pau-de-arara pela estrada,
De volta para suas terras,
Como se eu fosse,
Dono do mundo e de tudo.

Eu não posso,
Olhar para o céu satisfeito,
E me orgulhar do homem e seus feitos,
Curtir outro foguete indo pelos ares,
Voando lá longe em Marte,
Ou aqui pertinho na Lua,
Enquanto todo dia na comunidade,
Lançam um novo barraco na rua.

Eu não posso,
Apoiar outra distribuição de preservativos,
Para uma massa de gente poder curtir,
Sem medo e sem vergonha,
Outra festa popular de arromba.
O que precisamos preservar,
É o moral da minha,
Da sua e da nossa família.

Eu não posso beber,
Até perder os sentidos.
Isso não faz sentido!
Preciso de meus sentidos,
Pra viver de forma que faça sentido.

Como gritar palavras de ordem,
Exigindo ‘limpeza’ dentro do governo,
Se por alí e por aqui,
Minhas garrafas pet bóiam por aí.
Se meus papéis de bala,
São engolidos pelos bueiros,
Até eles vomitarem insatisfeitos.
Se minhas bitucas de cigarro,
Se arremessam de meus dedos,
E voam iguais passarinhos com medo,
Quando fogem de um passarinheiro.

Precisamos viver de forma ordeira,
Antes de pedir e exigir,
Ordem e progresso,
A prefeitos e asseclas,
A governos e congressos.
Senão nem precisa se aborrecer.
Vamos continuar,
A dar bom dia a cavalo,
A dar boa noite à TV.
                                                  Abril 2014

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