quinta-feira, 7 de abril de 2022

Café novo

Quando eu era criança e minha mãe ia fazer café, eu pedia um “café novo”. Esse café era o primeiro café que era coado. Eu, na minha inocência de criança, o chamava de “café novo”. Minha mãe simplesmente atendia meu pedido, com muito amor, claro.
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Eu olhava a chaleira
Enquanto a água caia
Toda cristalina
Se derramava
E se misturava ao pó
E não mais estavam sós
A água rodopiava
E se misturavam cada vez mais
O coador tentava conter
E o líquido descia
Como conta gotas escorria
A fumaça flutuava
Eita viagem de graça
Era cheiro de criança
E eu voltava à infância
Cheiro de café
Adoçado com amor de mãe
Tempo bom no ar
Que acabou de voltar
 
Eu pedia
E só a mãe atendia
Eu pedia o “café novo”
E ela sabia
E ela atendia
Era a primeira medida
Só pra mim na xícara
O primeiro gole era meu
Isso já era uma benção de Deus
 
Eu de cabeça erguida
Olhava minha mãe querida
Era ali, perto da pia
Esperando o presente
Que vinha de cima
Café na barra da saia
Sentimento puro
De lugar mais seguro do mundo
 
Volto da viagem no tempo
E o tempo deixou marcas em meu rosto
Mas não reclamo nenhum pouco
Pois ainda sinto o gosto
Daquele café novo
                                                    Abril 2022




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