sábado, 4 de setembro de 2010

Chuva na cidade

A chuva molha meus óculos,
Procuro proteção numa loja.
A senhora cobre os cabelos,
Acho que o penteado foi caro.
O jovem não se importa,
Jovem não combina com guarda-chuva.
Cidade grande não combina com chuva.
O jornaleiro protege os jornais,
Notícias frescas ensopadas.
Um senhor está irritado,
A chuva apagou seu cigarro.
Mendigos procuram abrigo,
Na porta fechada da igreja.
O homem do tempo,
Estava novamente errado.
Um camelô olha para o céu,
Espera uma trégua lá de cima.
Outro camelô vende guarda-chuvas,
Olha para o céu e pede mais chuva.
O céu cada vez mais cinza,
Nem parece meio dia.
Papelão molhado na calçada,
Alguém não irá dormir hoje de madrugada.
Bueiros mostram seus conteúdos,
E devolvem seus presentes.
Guarda-chuvas e saias,
Lutam contra o vento.
O cãozinho está molhado,
E revela sua magreza.    
O ar fica lavado,
Muitas almas lavadas.
A TV da loja está alta,
Mais vôos cancelados.      
Caos aéreo.
Caos aqui no térreo.
Carros se multiplicam,
Ônibus procuram espaço.
Ambulância liga a sirene,
Carros fecham os vidros.   
Vidros embaçados,
Os carros abrem os vidros.
Meio dia fica mais escuro,
Carros acendem faróis.
Stress que não gosto de ver,
Tenho que enxugar os óculos.
A chuva aumenta,
E os carros buzinam.             
Fumaça dos escapamentos,
Deixa o céu cinza mais cinzento.
A tensão aumenta,
As pessoas gritam.
Moto boy apressado,
Entre os carros fica imprensado.
Fila da mega-sena está grande,
Pessoas na fila estão calmas.
Nada diferente,
Apenas mais um dia.
As pessoas vão,
As pessoas vêm.
Não se importam quem vai,
Não se importam quem vem.
Horário de almoço está acabando,
Atravesso a rua movimentada.
No alto de um prédio vejo um vaso,
A planta, humilde, aceita o presente do céu.
Agradece o que devíamos agradecer também.
Alguém pede minha atenção,
Digo que não, obrigado.
                                                   Setembro 2010

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