quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Quando aqui cheguei


Cheguei em dezembro,
Parece ontem, me lembro.
Era pesada a mala,
Era pesada a carga.
Rodoviária vazia,
Outra idéia eu fazia.
O sol era forte,
Vim tentar a sorte.
Deixei minha família,
Minha casa ficou vazia.
Vim pra Santa Catarina,
A gente nem acredita.
São Paulo eu deixei,
Blumenau, eu cheguei.
Da cidade grande fugi,
Refugiei-me aqui.
Deixei cidade grande,
Sentia-me insignificante.
Vim pra cidade pequena,
E me sentia pequeno.
Disseram: ‘Você é corajoso’.
Na verdade diriam: ‘Você é louco’.
Era necessário,
Estava desempregado.
Era uma quinta,
Emprego eu já tinha.
Repito: a família deixei,
Sozinho, cá fiquei.
Dormi em hotel e no chão,
Ganhei um colchão.
Tantas coisas passadas,
Essa é mais uma etapa.
A sombra me acompanhava,
A saudade me abraçava.
Lugar que chove forte,
Adeus dois mil e nove.
A chuva caiu de vez,
Chegou dois mil e dez.
Pessoas têm pesadelo,
Dois mil e oito ainda mete medo.
Ano que ficou gravado,
Vidas ainda sujas de barro.
Morros desapareceram,
Pessoas não apareceram.
Lugares soterrados,
Sonhos enterrados.
Rio Itajaí, eras belo outrora,
Odiado por muitos agora.
Gente feliz encontrou um lar,
Gente feliz mora em Gaspar.
Encontrei Vila Nova,
Encontrei vida nova.
Aqui vou ficar,
Até o dia clarear.
                                                     Setembro 2010

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