quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Varal no quintal

Varal no quintal expõe intimidades.
Toalhas, camisas ou cuecas.
Violência, amor ou descuidos.
Fica tudo ali pendurado.
Vizinhos aproveitam e fazem comentários.
Roupas sofrem ou aproveitam a ação do tempo.
Ora sol forte, ora é vento.
Roupa nova ou desbotada.
Com prendedor ou amarrada.
Roupa antiga ou da moda.
Descosturada ou remendada.
Cobertas branquinhas ou amareladas.
Fronhas secas ou encharcadas com lágrimas.
Essas demoram a secar.

Prego fica quase esquecido na parede.
Fica enferrujado de tanta força que faz.
Prego é um cara cabeça!
O varal se amarra nele e não se largam.
Quando arrebenta é um desastre.
A mulher aproveita e briga com o marido.
Aí é hora de lavar a roupa suja.
Coitado do prego, vai tomar na cabeça!

Varal é forte e segura a onda.
Prendedores trabalham em equipe,
Também seguram o que podem.
Dona de casa trabalha até a exaustão,
E ali faz a sua exposição.
Fica orgulhosa com o trabalho do dia.
Obra de arte pouco valorizada.

Nossos varais de cada dia.
Nossas roupas sujas de todo dia.
Todo dia tem roupa suja,
Nem sempre tem roupa limpa.
Varal tem braços abertos,
Espera ansioso por sua amiga,
Dona de casa é parceira antiga.

Quando não tem roupa nos varais,
É ponto de encontro de pardais.
Balançam pra lá e pra cá até não poder mais.
Aproveitam para achar namoradas.
Cantam, fofocam e esperam por migalhas.
O chão é que sofre com suas borradas.

Varal não é exigente.
Pode ser fio elétrico, corda ou arame.
Se ficar bambo ou esticado,
Quem manda é a ‘chefe’.

Roupa molhada vive na corda bamba.
Muita gente vive assim também.
Se bater um vento forte vai parar no chão.
Corda arrebenta para o lado mais fraco.
Poe a culpa no prendedor, no varal e no prego.
Aí vai chorar a roupa derramada.
                                            Fevereiro 2011

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