sexta-feira, 22 de julho de 2011

Casino El Caiado

Jogar em três é ruim.
Você pensa: ‘Eu tenho um parceiro’.
Mas seu parceiro,
É parceiro do adversário.
Todos sabem e eles sabem.
O crupiê sabe e você não sabe.
O que é mais fácil?
Perguntar quem sabe,
Ou quem não sabe?
Ô cassino bandido.
Que beleza,
Se for do Caribe ou de Fortaleza.
Não importa.
Carta de ouro,
É cor de balão palhaço.
Carta do coração,
É cor vermelho traição.
Carta da espada é afiada.
Carta de paus,
É espada no coração.
É baralho tipo made in El Caiado.
Eles descartam,
E lhe descartam,
E você só compra.
Na verdade,
Ou na mentira,
É sorriso canivete.
Eles sorriem igual coringa.
E se choram,
É choro ou coriza?
Seu jogo é fair play.
Jogo deles é sujo.
São cartas marcadas... que mancada!
Tem cartas na manga e embaixo da mesa.
Mesa redonda com gente sinuosa.
Ambiente com cinzas e fumaças.
Porão escuro e cheiro de coisa errada.
Lugar é penumbra com lâmpada amarelada.
Mistura cheiro de nicotina,
E perfume barato de cafetina.
Fundo musical é silêncio,
Estilo Alfred Hitchcock.
Quem joga e quem assiste,
É tudo farinha do mesmo naipe.
É tudo carta do mesmo saco.

Eles não sabem,
Mas você é quem dá as cartas.
Nem precisa blefar.
Aposte todas suas fichas.
Você já é o vencedor.
Você sorri e eles estão sendo filmados.
Olhe olho no olho.
(Eles conseguem?)
O coração trai,
A boca mente,
Mas o olhar, não.

Baixe seu jogo, mas não o nível.
Bata o jogo,
Mas sem violência e vire a mesa.
Seja vitorioso,
E de cabeça erguida.
(Cuidado com a lâmpada).
Saia do cassino: o jogo acabou.
A lei está chegando,
É hora de fechar a espelunca.
Placa do cassino está na sarjeta.
A casa quebrou,
El Caiado caiu,
E você está de pé.
Pra quem está ficando,
É hora de abrir o jogo.
                                            Julho 2011

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