quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Show de horrores


Esse é o teatro da vida humana.
Todos os dias têm show,
Nem sempre tem espetáculo,
E todos os dias têm vaias.
Minha vida é um drama,
A platéia dramatiza e entende,
Mas se fazem de desentendidos,
E riem como fosse comédia,
E tudo acaba,
Num verdadeiro terror da vida alheia.
Aí eles vaiam, gostam,
E saem satisfeitos e dizem:
 Foi horrível,
 Mas valeu o ingresso que não pagamos.

As luzes se apagam,
E fico só naquele teatro.
Espelunca de quinta categoria.
O chão tem tomates,
Sapatos e latinhas.
Fiz drama, que virou comédia,
E terminou em terror.
Foi um fiasco,
E a platéia vaiou e desdenhou.
Não importa se o show,
É na Broadway, no Municipal,
Ou no Largo do Arouche.
O nível do povo é único.
Que esforço em vão!
Parece vara de pescar,
Com alfafa como isca,
E um burro tentando alcançar,
Pra comer e se fartar.
Vou morrer de fome!

O dia não perde a hora,
E vem bater na minha janela.
Levanto com a cara nua,
Abro o armário,
E escolho as máscaras para o dia.
Alegrias e tristezas,
Falsidades, verdades e mentiras...
Durante o dia uso todas,
E às vezes faltam algumas.
Na verdade ou na mentira,
Tire a sua máscara e me diga:
Você usa máscara?

É show com atores amadores,
Impostores e enganadores...
Que show de horrores!
Confesso de cara limpa:
Às vezes minhas máscaras caem,
Aí bate o desespero,
E todos vêem minha nudez.
Isso dá uma vergonha!
                              Janeiro 2013



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