domingo, 19 de maio de 2013

Marginalizado pelas margens

Caminho meu caminho,
Pelas beiradas,
Das calçadas sem calçamentos.

Não pelas margens da sociedade,
Nem pelos limites do permitido.

Mas tentando me permitir,
A fazer o permitido.

Eu sou um limitado,
E estou limitado,
Pelas bordas da margem.

Elas são precipícios sem princípios,
E desfiladeiros derradeiros.

Insistem em nos puxar,
Pra baixo, bem lá pra baixo,
E nos deixar cabisbaixos,
E mostrar suas baixarias,
Limitadas a não ter limites,
Sem limites para ter liberdade.

Lideradas e liberadas pela sociedade,
A marginalizar o caminhante,
Que caminha descalço,
Pelas calçadas sem calçamentos.
Que roda de fogo!
Que bola de neve!
Que circo vicioso!
Que círculo perigoso!

E as calçadas me acolhem,
Com ranhuras e rachaduras,
Que acomodam meus pés já rachados.
Às vezes passos largos,
Às vezes passos fundos e curtos.

Não me iludo com antúrios ou roseiras,
Com absurdos ou baboseiras;
Não tenho paladar refinado pra whisky,
Mas eu tenho,
E sempre tenho que continuar andando.

Sociedade para todos,
Saciedade para alguns.

                                                              Maio 2013



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