terça-feira, 22 de outubro de 2013

Postura de poste

Eu não cultivei nada,
Em frente de casa,
Mas plantaram um poste na calçada.
Ele é alto e parece um tubo,
E rachou o concreto bruto.
Faz sombra de dia, ao meio dia.
Dá luz à noite, à meia noite.

Um suspeito vem fazer entrega.
Fumaça sobe com cheiro de erva.
Parece algo contra a lei e sem regras.
Eu só observo atrás da janela,
Fico atrás da cortina amarela.
Que noite de alta tensão aquela!

Um casal chega à surdina,
Cheios de beijos na mochila.
Quem vê de longe parece briga.
Mal chegam e bem se vão.
Agora hormônios vazios e álibis a mil.
O poste se calou, mas ele viu.

Um cão chega para a inspeção.
Ele vem e se aproxima.
Outra visita canina de rotina.
A base da circunferência o intriga.
Focinho gelado e molhado.
É a qualidade do trabalho,
É o CSI do pulguento.
Ao final ele ‘assina’ o documento,
E o cão forense se vai satisfeito.

E a noite do poste,
Todo defumado, mal regado e bem amado,
Começa assim, assado e molhado.
Pobre do azarado do poste,
Que teve a sorte,
De ter nascido poste.
Outubro 2013






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