segunda-feira, 3 de março de 2014

Acontece quando anoitece

O silêncio chegou com a noite,
E o escuro pintou o ar.
O ventilador faz não,
E espalha o calor,
Pelos quatro cantos do quarto.
É engraçado ver os pernilongos,
Voando meio tontos,
Todos sem plano de voo.

O cão do vizinho está inquieto,
E avisa que seu turno é agitado.
Ele se estressa com as entregas,
Encomendas noturnas que intriga.
O vigia apita,
E avisa pra quem precisa:
Ele está aqui e não na vila vizinha.

A minha insônia não tardou,
Chegou e se deitou.
Ela não dorme no ponto!
Meus sonhos ficaram para outra noite,
Meus pesadelos são pra hoje.

No quarto ao lado,
Meu filho espanta sono e pernilongos.
Suas armas são de cordas,
Nylon, metais e vocais:
Uma gaita e cantorias,
Um violão e muitos gritos.
Ai de meus ouvidos.
Sinto muito pelos vizinhos...
Ou vice-versos!

Lá no alto, embaixo do telhado,
A caixa d’água mata a sede,
A água sai pelo cano,
E a caixa fica toda cheia.

O rádio relógio cura sua crise,
Agora ele é só relógio.
Já estava na hora!
Seus números me olham assim,
Com olhares desse tamanho!
Ainda está tarde ou já está cedo?

Conto meus carneiros,
Mas perco a conta.
Conto, reconto,
E conto com eles,
Mas o galo canta e eles se dispersam.
Eu continuo desperto,
E me desespero.

Ouço um espetáculo vindo da avenida.
Borrachas fritando e pneus gritando,
Plásticos e metais num atrito louco.
Mais um show de mau gosto!

Meu sono deveria ser um prazer,
Mas seu atraso é meu tormento.
Se ele não vier,
Sei lá o que será de mim amanhã...
Amanhã que já é hoje!
                                           Março 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário