segunda-feira, 24 de março de 2014

Não contem glúten

A mamãe diz que em seu ventre,
Contém um projeto de gente.

Uma casa com bola e boneca,
Diz que ali contem criança sapeca.

O jornal da noite diz que não contém,
Nada de nada pra entreter.

Gente bonita na TV,
É certeza que contém músculos,
E minúsculos conteúdos,
Em cérebros de moluscos.

Nos estádios reformados,
Com orçamentos deformados,
Contém um povo alucinado,
E outro elitizado.

Enquanto não acaba o campeonato,
A prefeitura diz que sim,
A poeira se contém, mas grita não bem alto,
E a nossa rua continua sem conter asfalto.

Uns tantos dizem sim,
Uns fulanos dizem não,
E eu fico nesse furacão,
Procurando meu rumo e meu cão,
Contentando-me em me conter,
Em manter meus pés no chão.

Contido ou não contido?
Contém ou não contém?
Nessa sociedade insaciável,
Contenho-me em viver com todos,
E não prejudicar ninguém.

O melhor que posso fazer,
É ir ao mercado ou armazém,
E procurar se tem,
Algo que não contém glúten,
Para alguém que eu quero bem.
                                             Março 2014



Nenhum comentário:

Postar um comentário