quarta-feira, 4 de junho de 2014

Esperança paciente

Na sala de espera de um consultório, uma senhora se orgulhava de seus longos anos de vida. Acontecimentos assim não podem passar despercebidos, pois precisamos aprender a cada dia, a cada momento. Por isso precisamos estar atentos a pessoas, esquecendo um pouco de nós e nossos problemas.
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Ali na sala de espera,
A gente tem esperança,
De ser servido e atendido.
Eu esperava e folheava,
Jornais e revistas,
E eu me entretinha e me entediava,
Com quem eu nem conhecia.
Papel com cara de gente,
Gente frágil igual papel.
Gente aprontando cada papelão!

Em consultório de doutor,
A gente fica impaciente,
Mas a gente é paciente

E o café empretejou,
E a secretária avisou,
Que o café estava pronto,
E no ponto.
O aroma de fazenda me convidou,
E eu fui e me servi,
Mas não me satisfiz.

E uma senhora idosa,
De voz fraca e poderosa,
Se orgulhava de suas lutas.
Eram oitenta e tantas rugas,
Sem vigor da infância,
Mas ela dizia que fazia e acontecia.
Ela olhava sem óculos,
E andava com suas pernas.

Como viver com pouca energia?
Ela vivia um dia a cada dia.
Assim não precisava de dicas,
Nem magia nem simpatia.
Era só viver a vida,
Sem segredos e amuletos,
Deitando e acordando cedo,
Com coragem e sem medo.

Eu lhe prestei reverência,
E lhe preparei um café,
Enquanto ouvia sua fé.
Pus açúcar pra alguém tão doce,
E misturei o doce no amargo,
O antigo e o novo,
O escuro e o claro.
Tudo isso num copo de plástico.

Ali fui beneficiado,
Com um aprendizado,
E ainda fui agraciado,
Com um doce obrigado.
Parecia que ela bebia,
Um elixir da vida.
Mas era só um café quente,
De quem se sentia morno.

Eu estava ali pra ser atendido,
Mas prestei um serviço,
E me senti servido...
E me senti vivo.
                                             Junho 2014


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