quarta-feira, 11 de junho de 2014

A busca

Vou falar com Deus.
Não é pra agradecer pelo salário,
Afinal estou desempregado.
Nem pra pedir um trabalho,
Já que estou todo endividado.

Também não vou olhar pro alto,
Agradecer por um gol marcado,
Pelo meu time no campeonato,
E pelo choro adversário.

Ó Deus,
Não vou Lhe procurar no céu azul,
E Lhe pedir um sinal verde,
Pras minhas contas saírem do vermelho,
Só porque minhas nuvens estão cinzas,
E a situação tá preta.

Não vou chorar,
E pedir rosas sem espinhos.
Eu tenho é que rever meu plantio.

O que venho fazer não é falar,
Mas me silenciar,
Até eu ser ouvido,
E talvez ser atendido.

Paro de gargalhar,
E venho com um sorriso tímido.
Deixo minha teimosia,
Trago minha alma vazia,
E agradeço pelo meu espírito,
Todo cheio de vida...
Mas esvazio meu peito por inteiro,
Pra não me sentir no direito...

Com temor no falar,
Eu ouso me aproximar.
Procuro o Senhor lá no céu,
Mas olhando para o chão.
Venho de cabeça baixa,
Cambaleante e errante,
Todo errado e maculado,
Por um mundo imundo;
Mundo todo mundano,
Que não sabe se eu existo,
Se vivo ou sobrevivo.

Estou separado do mundo,
Neste quarto escuro,
Procurando por sua luz,
Sem lâmpada nem lamparina,
Numa madrugada fria.

Meus lábios podem ser enganosos,
Meus olhos não mentem,
Mas estão chorosos.
Por isso trago meu coração,
Em minhas mãos.
É apenas o que tenho como oferta;
Nada mais me resta.

Então confio meu coração ao Senhor,
E volto pra buscar depois.
                                    Junho 2014

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