terça-feira, 2 de setembro de 2014

Caneca se fervendo

Eu observo o leite fervendo,
E já faz tempo.
Eu observo e nada faço.
O que faço é observar,
O leite a borbulhar.
Desde o início do ser humano,
O leite vem se esquentando.

Parece vulcão enfurecido,
Que outrora estava adormecido.
Quando o gigante desperta,
Todo mundo se desespera.

Mas a caneca é toda aberta,
E não esconde nada de ninguém.
Ela é vítima e não tem culpa.
Nessa realidade,
Todos são vitimados,
Todos são culpados.
O mais inocente é o fogão,
Que só esquenta a situação.

E o leite passou da metade,
E nós passamos das medidas.
E todos ficamos de boca aberta,
E de braços cruzados.
Quero ver até onde isso vai dar...
E não dá outra!
Agora basta uma distração,
Com a situação,
Pro leite se escorrer pelo fogão,
E se esparramar pelo chão.
A situação pediu um basta!

O fogão abriu suas bocas,
E o calor avisou pelos polos.
A caneca apitou,
Mas ninguém esquentou.
As geleiras se derreteram por nós,
E nós respiramos fundo pela Amazônia.
O buraco se abrindo lá em cima,
Era sinal que o buraco é mais embaixo!

Agora não dá mais tempo,
Pra pedir um tempo.
Agora é só sentar e chorar,
O leite que vai derramar...
Setembro 2013



Nenhum comentário:

Postar um comentário