quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O mendigo e o tesouro

Hoje eu vi um sujeito.
Muitos diriam que é um suspeito.
Outros que era um ‘sem jeito’.
Muitos outros arriscariam que não tinha jeito.
Mas todos, sem respirar fundo,
Diríamos que é um mendigo.
Nada mais e muito menos que isso.

Mais um à toa de vida boa.
Menos um pra pagar imposto,
Pra viver de encosto.
Quantos adjetivos qualitativos,
Discriminativos e depreciativos!

Eu, meio sem jeito,
E suspeito em dizer,
Apenas pensava comigo e por todos:
Hoje é ele que está ali,
Mal tratado e maltrapilho,
Todo cinza, esquecido,
Mal visto e maldito,
Por nós que nos achamos coloridos.

Amanhã, quem sabe,
(E não quero saber),
Eu desço e ele sobe,
Neste sobe e desce,
Nestas rodas e voltas,
Que o mundo dá e depois cobra.
E naquela situação,
Eu não vou ter como pagar, não!

Eita mundo com poeira e sem porteira,
Sem eira nem beira.
Mundo que parece mar revolto,
Que afunda barcas e embarcações.
Olhando por cima,
É fácil ver o sujo que boia.
Difícil é olhar o profundo,
Onde o olho não vê o escuro.
A prata e o ouro do tesouro,
Repousa longe do olho.
Chegar lá é privilégio de poucos.

E olhe que o ouro,
Fica coberto de sujo e lodo.
Até parece mendigo esquecido,
Que guarda um segredo no íntimo.
Ali o tesouro fica protegido.
Setembro 2014


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