segunda-feira, 15 de julho de 2013

Casinha de vidro

Ele sempre me olha,
Com aquela cara,
De hoje e outrora.
Parece que ele sabe coisas,
Que eu não devo saber,
E que nem vou saber.
Não deve ser da minha conta,
E faço de conta,
Que não é da minha conta.
Então não consigo fitar seus olhos...
Fico incomodado,
E vou saindo de lado.

À meia luz ele fica sinistro.
No escuro,
Eu sinto que ele ainda está ali,
Bem ali... 
Aquele lugar,
Parece outro mundo,
A me observar.

Depois de nossos banhos,
Nossos olhos,
Ficam embaçados e estranhos.

Toda manhã ele tá descabelado,
E bem mal humorado.
Assim perdura seu humor;
Ele ajeita o cabelo,
E pensa que melhorou.
Eu não digo nada,
Ele nada fala,
E ele se cala.

Ontem sua cara,
Era de poucos amigos...
Mas como ser amigo e camarada,
Se ele nada fala e só me encara?

Às vezes tá na cara,
Que o choro lhe escorreu pelos olhos.
Aí eu apago a luz,
E o deixo de lado,
Preocupado,
Em não deixá-lo encabulado.

Às vezes sua expressão,
Me deixa a impressão,
Que ele quer dizer algo,
Ou pedir opinião.
Então vou embora,
E deixo ele pra lá.
Amanhã eu volto,
Lá ou por aqui,
Ou outro lugar,
E sei que ele estará lá...
Assim espero.

Não suporto mais,
Esta prisão ilusória.
Sem vida própria,
Só reflito faces,
E ouço caras e bocas.
Que vontade que eu tenho,
De me quebrar em cacos,
Dentro deste espelho.
                                     Julho 2013



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