terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O ânimo é 10

Pela janela alguém olha.
Quem está lá fora?
Ele não bate na porta,
E entra sem demora.
Ele senta e se acomoda,
E nem se incomoda.
Se esparrama pelo chão,
Na poltrona e no colchão,
E escolhe o programa na televisão.
Domingão ou mensalão?
Copa ou aumento do feijão?
Tudo não dá em nada,
E nem vale a pena ver de novo.
Tudo é mais da mesmice.
Quanta abundância de redundância!

A gente fica apático, estático;
Com sono, sem fome;
Sozinho e com frio.
Sem sombra e sem dúvida,
Com certeza é a perfeita situação.
Do desânimo é presa perfeita.

O sol esfria e se apaga;
A noite escurece sem estrelas;
As flores murcham sem cheiro.
Lá fora e aqui dentro,
Aqui fora e lá dentro,
É tudo igual e tem o mesmo jeito.
A vida perde sabor e graça,
A graça da vida se perde,
E o desânimo cresce e aparece,
Nos entristece,
E a gente nem percebe.

O desânimo te consome,
E some com o ânimo.
Aquele trabalho nunca é pra hoje,
O que é pra hoje dá muito trabalho.
Porque fazer amanhã,
O que pode se fazer depois de amanhã?
A dieta é pra segunda,
A casa tá imunda,
A vida fica uma bagunça.
Dá preguiça só de pensar.
“Então não pense pra não cansar”,
É o modo desânimo de pensar.
Mas o desânimo não pensa!
Pra desalentar ele pensa que pensa.
Ele pega o controle remoto,
Pra controlar o modo da vida.

Então feche a porta,
O desânimo não perde a hora.
Abra o olho,
E ponha sua barba de molho.
Ânimo na vida!
A vida é animada,
Mas precisa ser vivida.

Estudo, trabalho e laser,
O dia é hoje pra se fazer.
O descanso é necessário,
Mas cuidado!
O descanso evolui pra preguiça,
E regride para desânimo.
O desânimo volta animado,
E fica lado a lado ao seu lado.
Cadê o controle remoto?
Dezembro 2013







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