quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Velha retórica

Eu tenho dois pés no chão,
Eu tenho dois braços e duas mãos.
Minha visão não é 100%,
Bem ou mal eu continuo vendo.
Eu vou e volto,
E por aí dou umas voltas,
Sem cadeira de rodas.

Tenho casa e comida.
Tenho família constituída.
Sei que sou minoria,
Mas pago minhas contas em dia.
Não sei até quando,
Mas eu vou tentando.

Tenho o poder do falar,
E ninguém me manda calar.
Às vezes abro a boca e vou ao dentista.
Às vezes fecho a boca e fico na minha...
Aí aproveito e vou ao analista.

Tenho mais de um ouvido,
Ambos funcionam direitinho.
Minha despensa não vive cheia,
Mas não fica de toda vazia.
No mínimo arroz, feijão e farinha,
Sempre tem na cozinha.

Eu olho e deploro,
A situação do mundo,
E me pergunto:
Porque a gente reclama,
Sempre fazemos drama,
Nunca estamos contentes com o que se ganha?
Porque sempre queremos mais,
E não nos contentamos com menos?
Ao menos nos alegrar com o que temos!
Porque usamos a boca como se fosse duas,
E usamos os ouvidos como se fosse um?

Até quando veremos tanto a fazer,
E tantos a não se envolver?
Perdão pela retórica.
Na verdade essa é uma velha história,
Do querer pra si sem retribuir;
Do tudo para agora,
Rápido e sem demora;
Do estar em todas,
Mas não estar nem aí pra nada.
E daí?
Daí que pagamos por tudo,
Sobretudo,
Pelo nosso plantio sem adubo.
Há controvérsias!
Alguém pode vir com essa conversa.
Cuidado com essas ideias!

Já passou da hora,
E a hora é agora.
Junte as mãos e dobre os joelhos,
E agradeça por hoje e ontem.
E amanhã?
Tomara que amanhã,
Tenha um ‘ontem’,
Pra dizer obrigado e amém.
                                                         Dezembro 2013



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