terça-feira, 8 de julho de 2014

Conc(s)erto na faixa

Eu parei para um garoto atravessar na faixa de pedestres. Ele agradeceu com um sorriso e um positivo e eu é que saí ganhando.
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Parecia um concerto na avenida,
Em plena luz do dia.
Aquelas faixas em preto e branco,
Parecia teclado de piano.
De um lado um garoto,
De calças curtas e mãos no bolso.
Ele me esperava para o show.
De longe eu o vi, freei e o carro parou.
E seus pés andaram,
Sobre o piano desenhado no chão.
Tudo foi rápido,
Mas parecia demorar aquele espetáculo.
E saiu do bolso a sua mão esquerda,
Pra finalizar sua regência.
Um positivo e um tchau,
Foi o seu movimento final.

Quanta maestria,
Enquanto ele sorria,
E fazia a travessia,
Naquela avenida,
Chamada Rua Bahia.
E ali eu curtia,
Em plena primeira fila.
A calçada foi seu camarim,
Para onde ele se retirou no fim.

Mas nem tudo estava bom.
Depois quase parei na contramão,
E exigir do garoto o meu dever.
Eu é que tinha o direito de agradecer,
Pela chance de exercer,
Meu dever de cidadão,
Num trânsito onde impera a confusão.

E logo depois fui para casa,
Após aquele show na faixa.
Foi um conserto necessário:
Eu estava precisando de uns reparos.
Julho 2014




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