terça-feira, 1 de julho de 2014

Enchendo a casa da gente

Todo ano vem a mesma visita,
Ela mal chega e já está na cozinha.
Ela vem e trás a sujeira,
Sujeira que vem atrás dela.
Ninguém a convida,
E ela chega de noite ou de dia.
A gente não tem nada,
Mas ela leva tudo da gente
Ela vai ao quarto, olha a sala,
E sempre se sente em casa.
Ela parece ter saudades,
E volta no verão, no outono,
Ou quando sentir vontade.
Ela não diz e faz mistério,
Mas talvez ela volte no inverno.

Ela trás presentes de mau gosto,
São souvenires que cheiram a esgoto.
Eu não aceito, mas não tem jeito.
Ela se sente a tal,
Ela é vedete e manchete,
Do jornal local e nacional.
Ela é uma destruidora de lares,
Quando se vai não deixa saudades,
Depois ficam apenas os pesares.
Ela deixa suas marcas,
Em corações e paredes das casas.

Ela chega com os cumprimentos,
De governos e prefeitos.
Todos a conhecem pelo bairro,
Deve ser pelo seu pé de barro.

Esta é a história da dona enchente,
Que não se esquece da gente.
Seus sorrisos não têm cores,
Ela nos visita e antes de ir,
Sempre nos deixa com muitas dores.
A gente não tem nada,
Mas ela leva tudo da gente.

Ela se sente toda cheia,
Mas aí vai um lembrete pra dona enchente:
Vê se você não enche mais a gente,
Porque a gente tá cheio de você.
Julho 2014






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