domingo, 1 de abril de 2012

Picadeiro no asfalto

Chuva, sol, ação!
Luz vermelha pra uns,
Luz verde para outros.
Todo malabarista vai,
Onde os carros estão.
Fumaça vai pra cabeça,
Entorpecidos e vidrados,
Jogam para as nuvens,
Espadas e esperanças,
Sonhos e bastões,
Bolas e cartolas.
Envolvidos nesses ares,
Eles fazem malabares.
O tempo é curto,
O show é rápido,
E a primeira fila tem pressa.
Fazem reverência,
E agradecem uma platéia,
Mais indiferente,
Do que diferente.
Enquanto o Gil cheira a talco,
Esses são artistas do asfalto,
E se satisfazem ao ouvir,
Alguns tilintares metálicos.

Olhos de vidros,
Lhe observam inertes.
O sinal amarelo alerta,
Que é flerte traiçoeiro.
Esse respeitável público,
Aguarda um sinal verde do céu.
Agora o palco não é mais seguro.
Tudo fica acelerado,
E o ar mais enfumaçado.
São pára-lamas e pára-choques,
Vidros filmados,
Vidros blindados,
Vidros fechados.
Seu público vai embora,
E ignora o retrovisor.
Vão e deixam pra traz,
Um rastro de ‘gelo seco’.
Isso deixa a garganta seca.

Calçada é bastidor.
Ele bebe água e tira a fuligem,
Da cara e dos brônquios.
É hora de rebocar a cara,
E se aprontar,
Para o próximo ato.
Luz vermelha no palco,
E lhe aguardam,
No picadeiro do asfalto.
Luz, vermelha, ação! 
Abril 2012

Jogam para as nuvens... Sonhos e bastões,
Bolas e cartolas.













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