segunda-feira, 9 de abril de 2012

Tampa e panela

Aos casais que suportam muitas pressões pra manter o lar feliz.
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Tampa e borracha,
Estraga, afrouxa e se alarga.
Panela paciente fica na espera.
Cabo da panela se quebra,
Tampa sem pressa, espera,
E não se estressa.
Elas trabalham a semana toda,
E uma completa a outra.
Pressão nelas é diária.
A tampa tem cabeça,
E gira toda louca.
‘Não é todo dia,
Que eu levo em banho maria.’
Então ela se irrita e apita,
E bufa e grita senão pira.
É um ‘caldeirão’ por dia.
Sempre estão na fogueira.

Tudo isso tem um motivo,
E um porquê que explica tudo.
Muitas bocas esperam,
E não têm tempo,
Para suas pressões.
Panela parece trem,
Pressão vem a todo vapor.
Pelo menos o trem anda por aí.
Mas a vida da panela é limitada,
E vive na pia e na cozinha.
Ela agüenta caras e bocas,
E alimenta pratos e marmitas.
Isso esquenta a pressão do dia.

Uns sempre vêm,
E lhes metem a colher.
A tampa entende a panela,
E cobre os problemas dela.
A panela é amiga,
Suporta a tampa olhando pra cima.
Juntas fazem uma força danada,
Pra não chutar para os ares,
Tampos, trempes e talheres.
Mas depois vem a bonança,
E o lar vive a calmaria.

Mas a velhice chega,
E chega o fim da linha.
Chega de cozinha!
Quando uma ou outra,
Segue seu caminho,
No final vai descansar no lixo.
Nova casa é na sucata,
Vai enferrujar ou ser prensada.
Não importa o futuro;
A outra lhe segue,
Pois em outra função não serve.
Seja como vier, venha o que for,
Suportaram tudo por amor.

Quantos estão nutridos e crescidos!
Hoje a maioria não se lembra disso,
São esquecidiços.

Tampa e panela,
Casamento de sucesso,
Até que a sucata as separe.
                                               Abril  2012

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