segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Chuvas de Janeiro

Lá fora a chuva cai na rua
Seu álibi é perfeito:
Ela diz que é chuva de Janeiro
Todo mundo aceita
E o povo respeita a natureza
Ai de quem falar algum ai!
Ela tem todo o direito do mundo
De cair e varrer tudo
A gente não tem nada
Mas sempre perdemos tudo

Os governos ouvem tudo isso
Mas não fazem nada
Eles plantam mais um bueiro
O povo fica satisfeito
E espera o próximo Janeiro
Enquanto isso sambam em Fevereiro

As gotas caem e se dividem
Igual cabelo de mulher
Gotas escorrem pra lá e pra cá
E descem pelo meio fio
Iguais fios de cabelo comprido
Se ondulam e cintilam
E brilham na madrugada

As luzes amarelas
Da São Paulo já velha
Iluminam o ar esfumaçado
Mas a chuva segue seu traçado
E desce ladeira abaixo
Igual cabelo limpo e molhado
Com cheiro de xampu importado
E gotas todas juntas
Descem a rua fazendo charme
E vão pela noite adentro
Até cair lá dentro
E se desmancham na boca do bueiro

Lá dentro naquele mundo
Não se vê nada
E não se ouve mais nada
E acontece de tudo
Naquele lugar escuro e obscuro

Use a sua imagem e ação
E diga pra mim
Sobre tudo isso
E o que acontece no fim
                                            Fevereiro 2014


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