segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Calendário temerário

Tem presente que o embrulho,
É melhor do que o conteúdo.
Tem gente que dá presente,
Mas prefere ficar ausente.
Tem gente que se apega ao calendário.
Se não presentear naquele dia marcado,
Melhor cavar um buraco.
Se não receber presente,
Naquela data tachada,
A pessoa fica enfunada,
Sente-se esquecida e amargurada.
O calendário é um monstro,
Com inúmeros números,
Ditando normas e rumos.
Cria datas fictícias e maléficas.

O calendário tem seu tutor,
O comércio é seu grande impressor.
Dependendo da data fincada,
O regalo pode ser,
Qualquer bugiganga.
Depende dos cifrões na etiqueta;
E da estampa do bicho costurada,
Com a boca de jacaré escancarada,
Pendura no peito pra ser mostrada.

Parece que você vive acorrentado,
E a bola de ferro é o calendário.
Enquanto você chora,
O comerciante vai à esbórnia,
E pouco se importa.

Tem data festiva e comemorativa,
Dia do pianista e da lamparina,
Dia da tia e daquela patativa,
Dia da locomotiva e da recepcionista;
Dia do malabarista e do contrabandista;
E na lista inventaram até dia da mentira!

O importante é presentear,
É presentear sem se importar,
Deixar calendário pra lá,
E se desapegar,
Àquelas datas fixadas e impostas.
De repente entrar na loja,
Comprar umas balas,
Ou um colar de jóias.
O comércio ganha porque vendeu,
O regalado ganha porque recebeu,
Você ganha porque ofereceu.
O calendário e seus números,
Ficam confusos e obtusos,
E vai se perder em meio a seus números.
                                               Outubro 2012


Nenhum comentário:

Postar um comentário