quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dia 'H' com o RH

Um texto bem humorado de candidato X RH.
É apenas para lembrar que os colegas do RH são profissionais que visam o bem estar do funcionário, ao mesmo tempo em que procuram colaborar com os interesses da organização.

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Antes de trabalhar na firma,
Primeiro lugar que se pisa,
É o RH ou secretaria.
O cidadão espera um tempão,
Perto da porta da rua, na recepção.
Te conduzem pra uma sala de reunião,
E perguntam se quer café ou água.
O candidato aceita água pra refrescar,
E o café pra animar,
E vai ao banheiro pra rezar.
A mulher do RH senta à sua frente;
Aliás, ela nunca senta ao lado da gente.
Na verdade ela observa se a gente não mente.
O olhar dela atravessa nossos olhos,
Penetra nossos poros e ossos,
E ela se aprofunda e escrutina,
Até se o espírito da gente tiver espinha.
Que olhar de carabina!

O calhamaço de folhas vem depois,
Cai na mesa igual tijolo do andaime.
E tem que preencher, resolver, e optar,
É pra escrever, calcular e pontuar.
Tem desenho de casinha e continhas,
São números faltando e ligadura de pontos.
Com um sorriso de ‘Sexta-Feira 13’,
A voz ecoa pela sala: Você tem... meia ho-ra!
Aquela voz parece giz riscando o quadro;
Alfred Hitchcock vem à mente,
E arrepia até os cabelos do pente.
E aquela batida que não pára:
Não, não é um bate-estaca,
É som do ponteiro dos minutos,
Martelando os ouvidos,
E os tímpanos balangando igual sinos.

Dois minutos se passam,
E os 30 minutos vão para o ralo.
De repente o tiranossauro rex adentra,
E aquele sorriso cheio de presas fica à mostra:
Já preencheu, já acabou, já terminou?
Não, eu me acabei primeiro!
Pensa aquele pobre sujeito.
Por que fui acordar vivo hoje?
Acho que hoje,
Vai acabar só amanhã de noite...

Chamam isso de pissicoténico.
Pra mim é coisa de doido!
Os sabidão dessa coisa toda,
Diz que é pra não admitirem gente louca.
  Certa vez desenhei dois patinhos na lagoa,
  E nunca me ligaram de volta.
Da próxima vez vou fazer diferente:
Vou desenhar o Sarney com um pente,
Ajeitando el bigoton com gel e creme.
Talvez a dona psicológica do departamento de gente,
Veja que eu sou todo pelo social.

Aquele pobre vivente,
Chega em casa e diz todo contente:
Fichei na firma e começo segunda.
A mulher feliz lhe pergunta:
Vai ter VT, VA, VR?
Vão pagar IR, ISS, INSS, INPS?
Vai ganhar 13º, 14º, CPTS, PLR?
Vai receber CBN, FGTS, WC, ICMS, CPMF?
(esse último pode esquecer!)
Ele quase tem um AVC e pede uma H2O.
A mulher lhe explica todas aquelas letrinhas,
Ele se desculpe e diz que não sabia.

O respirante compra pasta de elástico,
E soca lá dentro a papelada amarelada,
(Só de pensar, a renite começa a incomodar;
Gente do RH deve aprender a se imunizar):
A certidão de casamento que parece um pergaminho;
A carteira profissional,
Com a capinha do Esporte Clube Bahia.
A moça pediu um tal de CPF,
Mas ele só tem o RG e o CIC.
Pra finalizar, uns retratos bem chic,
Engravatado e perfumado,
Abreugrafia e diploma de dactilographia.

A moça do RH está diferente, ele percebe.
No primeiro dia ela lhe recebe,
Com um sorriso de Branca de Neve.
E ele com olhar de Dunga,
Todo animado apesar de segunda.
Ele só não a chama de anjo,
Porque anjo tá no céu,
E os dois pés dela estão plantados na terra.

Semana passada,
Quando se candidatava à vaga,
Era uma pressão lascada.
Pobre da moça do RH,
Que naquele dia só queria ajudar.
Ela era toda receptiva,
E ele pensando mal daquela simpatia.

Mas na hora ‘H’,
Aquela profissional sabe que todo candidato,
Fica pressionado e amargurado,
Pra ser selecionado.
À moça do RH,
Ficamos agradecidos pelo nosso rezistro.
Com carteira assinada,
A pessoa se sente dignificada,
Pra honrar e ser honrada.
O ganha-pão não existe, não;
O correto é trabalha-pão.
                                                         Outubro 2012

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