sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Imigrantes

Vida de imigrante não é fácil, brother.
Tem uns que viajam em embarcação,
Balança pra lá e pra cá no porão.
Uns viajam no caminhão,
Feito uns cabra da peste,
Do nordeste pro sudeste.
Dependendo da situação,
Outros vão de camburão,
E migram de condição!

Eu fui imigrante,
Lá no norte do fim do mundo,
Em terra de gringo.
Fui de avião,
E em Danbury cheguei no verão.
Igual quem desce do norte,
E em São Paulo tenta a sorte,
Eu fiz caminho contrário.
Desafiei o fuso horário,
E fui subindo o mapa.
Da minha vida foi mais uma etapa.

Gente estranha,
Comida diferente,
Palavras que a gente não entende,
Escrita que confunde a gente.
Mas lá vivi quatro anos,
E fui tratado igual gente.

Quando eu digo,
Que morei naquele lugar de gringo,
Muita gente ouve e diz que sou metido.
Levar os tombos que eu levei,
Chorar as lágrimas que eu chorei,
Calejar os calos que eu calejei,
Ser eu do que jeito que eu tive de ser,
Aí ninguém tá a fim de encarar.
Disposição é só pra falar e cuidar!

Passou o tempo,
E voltei pra minha gente.
Era dia 10 do mês e voltei em 96.
Igual nortista que larga o sonho,
Ou nordestino que encontrou desencontros,
Que lá na rodoviária pega o ônibus,
E volta pra sua realidade,
Também desci o morro,
E voltei pra minha cidade.
Tem realidade que é pura futilidade,
Ou o contrário também é verdade.

Realidade cada um tem uma.
Brasileiro também tem a sua,
E eu tinha a minha.
Eu larguei pesadelos e sonhos.
Ora atrapalhavam meu sono,
Ora não me deixavam dormir.
Aí eu caí num sono profundo,
Quando não vi, estava em meu país...
Ou dos outros?

Sei que é triste e esquisito,
Mas é engraçado dizer isto:
Às vezes,
Me sinto mais gringo,
Aqui em casa, onde vivo.
                                                 Outubro 2012



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