quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Som sem cilindradas

Eu era pequeno, mas me lembro,
De um cantor com coração dividido:
Um Cadilac novinho,
Ou um calhambeque antigo?
Que situação complicada,
Meu amigo camarada!

Os anos avançaram,
E os anos 80 chegaram.
Um cantor brega cantou,
A amargura que ficou,
Por causa do seu Fuscão traidor.
Também naquela década,
Eu já tinha mais de 18,
E me lembro do Opalão 78.
O meu irmão me ensinava,
A dirigir aquela máquina.
Se eu me irritava e xingava,
Ele, calmo, me dizia: vai com calma.
Enquanto isso uma loirinha sem demora,
Cantou que ia de táxi, e foi embora.
Fez que foi, mas não foi.

Chegaram os anos 90,
E algo estava errado com as notas,
Desacordos com os acordes,
E as cifras negativas batiam recordes.
E de uma oficina,
De uma planta assassina,
Reformaram uma Brasília,
Com cor amarelinha.
Ela andou um pouco e parou.

E uma nova era chegou,
E o ano 2000 mostrou,
Que tudo piorou,
Que na mesma tudo ficou.
Com a conta toda avermelhada,
Quis arrumar a ‘casa’,
E entre otimismos e melancolias,
Investi minha melodia numa Brasília.
Não era amarela, mas era branquela,
E nunca bateu biela.
Ela bateu muita borracha,
Pelas ruas e estradas.
Isso porque ela nunca fumava.
Seu giclê ainda vai abrir e fechar,
Enquanto seu carburador respirar.

E a década virou e avançou,
E a boa música foi para o ferro-velho.
Parece que o amarelo,
Voltou e virou moda.
Pode parecer anedota,
Mas o Camaro tá ruim das rodas!
Virou um hit pior do que ruim;
Pobre do Bumblebee.
Transformaram o robô camarada,
Numa frigideira enferrujada.
Isso é Ridículus Prime!

Quem diria, do Fuscão preto,
Dá uma saudade danada!
Música boa cada vez mais rebaixada.
E a qualidade,...
Põe a mão no pneuzinho...
E vai deçendo, vai dessendo,
Vai decemdo até o xão...
                                             Outubro 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário