quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O fura fila (ou double F)

O 2f’s sempre se sente na vez.
Pra pagar ou pra receber,
Ele nunca se importa.
O outro que espere a sua vez!
Esse ‘esperto’ parece político:
Para furar a fila, arruma um ‘amigo’,
Mas ao chegar a vez ele dá um sumiço,
E o ‘amigo’ fica a ver ‘político’.

No trânsito ele é todo sorridente,
Costura um, costura todos.
Lá na frente dá seta,
E ‘pede licença’ aos obedientes.

Acostamento é espaço reservado;
Pisca alerta é álibi perfeito;
A calçada é tapete vermelho;
Sorrisinho conserta tudo;
Cafezinho compensa mal-entendidos;
Mas o olhar de cada um,
Condena, denuncia e entrega.

Eles dizem:
Quem pega fila é otário,
E se auto-rotulam todo sábio.
Sábio é quem inventou a fila única.
Mas o sabichão sente-se o único na fila;
Ele e seu umbigo sujo.

Só ela tem a casa pra limpar,
Apenas ele tem de ir trabalhar,
Só e somente o ff tem que almoçar.
Os outros, o resto,
Pegam fila e ficam de pé,
Por não ter mais o que fazer.

Os ‘otários’ são figurantes,
Neste filme estressante,
Onde o ff é o ator principal.
Que bom que o deficiente está a garantir,
A vaga dele para estacionar.
O idoso não tem o que fazer,
E fica na fila em reserva pra ele.
Quem guarda seu acento é a gestante;
Ela é só mais uma coadjuvante.

Fila não é pra qualquer um.
É para um escasso número de gente,
Que se preocupa com o deficiente,
Que estima o idoso;
Ou simplesmente,
Que é respeitoso.
Quem obedece a fila,
Sempre vê o próximo bem próximo.

O elemento que fura fila,
Esvazia a si próprio,
Enche o saco de todos,
E estoura paciência do próximo.
Quem fura fila,
Também é portador de uma ‘deficiência’,
E tem lugar reservado:
Ele merece ficar isolado,
No final do fim da fila.
                                        Outubro 2012

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