sábado, 20 de abril de 2013

My way

Quem está na chuva,
É pra se molhar.
Quem diz isso debocha,
Usa capa e botinão,
Guarda-chuva e galocha.
Raios e relâmpagos,
Na cabeça dos outros,
Tem sabor gostoso,
E parece tira gosto.

Tem dia que você,
Quer começar com pé direito,
Mas até parece,
Que você tem dois pés esquerdos.
A gente fica meio aleijado,
Dos membros e da cabeça.
E da alma? Só falta!
A vida é juiz,
Fica na mesa lá alto,
E te condena a vida inteira.
Quanto mais inocente,
Mais culpado a gente se sente.

Às vezes a vida tá toda russa,
Parece montanha com mesmo nome,
Feita no país da vodka.
É tanto sobe e desce,
Que parece que entorpece,
Sob efeito de cachaça de graça.
Quando sobe,
A gente se sente no céu.
Quando desce,
Sentimento é oposto,
Mais fundo que o fundo do poço,
Ou mais sujo que esgoto.
Às vezes mais atolado,
Do que fossa.
Pelo menos aquilo faz festa,
Quando se agita na descarga,
Depois que alguém lhe carga.
Em plena porcelana toda bacana,
Ela gira e se agita.
Depois vai se aventurar,
Pelos dutos e canos,
E vai boiar e flutuar sem se importar.
Se algum fulano reclamar,
Ouve-se alguém exclamar:
Tô evacuando e andando!

Eu fico indignado,
E fico de semblante amarelado.
Misturo um olhar 43,
Junto de sorriso a La Pink Floyd,
E enredo Alfred Hitchcock,
Com gargalhada Vincent Price.
Pra agüentar só com cachaça ice.
Então eu seguro as lágrimas,
Com todas as minhas mãos,
E meu par de pulmões,
Se inflam e se esvaziam,
E meus olhos transbordam,
Numa maré salgada.
Aí eu fico cheio de tudo,
E neste pleno vazio,
Onde tudo acontece,
Eu bato em meu peito,
E tenho plena certeza,
E respondo a todos,
Convicto e com embaraço:
Não sei o que faço!
E sigo meu caminho,
Olhando pra trás,
Sem olhar pra frente,
E gostaria de responder:
I’m on my way!
                                                   Abril 2013


Nenhum comentário:

Postar um comentário