quinta-feira, 11 de abril de 2013

Cachaça de gringo

Tem um gringo bêbado,
Que usa bengala,
Bem aparentado,
Com traje de gala.
Anda a passos largos,
Pelas ruas largas,
E pelas camisetas da molecada.

Mas ele não bebe cachaça de alambique,
Ele prefere algo mais chique.
E se chamar essa cachaça de pinga,
Ele se irrita e briga.
Essa manguaça vai bem,
Com cubos de gelo ou à la vaqueiro...
Perdão, falei brasileiro.
Cada erro que até dói,
O correto é à la cowboy.

O amarelado é porque é envelhecido,
Em barris do carvalho.
O que cai ali pode dissolver,
Derreter e apodrecer.
São misturas que ajudam a descer.
De copo em copo,
De dose em dose,
Vai encharcando o figueiredo,
Preparando a víscera pra cirrose.

O gringo dá seu recado,
E o som é escutado,
Por todo este mundo banalizado,
Por todo o globo globalizado.
Som nasce envelhecido no Tennessee,
E se ouve até por aqui.
Essa aguardente,
Tem propaganda inteligente,
Não é toda gente que entende.
Entender pouco importa,
O que importa,
É consumir o importado,
E na balada ficar ligado.
Red Label e Red Bull,
Energia de norte a sul,
Mix de Kiss de matar qualquer um.

E lá tem bate-estaca escolarizado,
Universitário ou analfabetizado.
Refrão é miserável,
Com gente mais pobre ainda.
A galera grita alucinada,
Bebendo ou fumando ‘beck’:
Keep walking, Jack!
                                                     Abril 2013


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