terça-feira, 2 de abril de 2013

O pacote do Dinho

Dinho é um sujeito especial com síndrome de down. Por várias vezes eu o vi caminhando pela Rua 7 de Setembro em Blumenau indo para o trabalho. 
Certa vez, eu estava indo pela Rua 7 e ele, todo amigável, puxou conversa comigo. Foi aí que conheci quão alegre e divertido é o Anderson. Mas ele mesmo me disse: "Eu sou o Dinho."
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O Dinho não é jogador,
Nem cantor e nem ator.
É um cara especial,
Mas o mundo não o conhece.
Suas mãos não estão,
Na calçada da fama,
E nem da lama.
Ele carrega sua mochila,
E caminha pela Rua 7,
Dando ‘oi’ e ‘alôs’,
E apertando as mãos,
De uns e outros,
E dando exemplo pra todos,
De vida e conduta.
Cá entre todos nós:
O seu aperto de mão,
Parece alicate de pressão!

Ele nem se dá conta,
Mas todos o observam,
Lhe honram e respeitam,
Por ele ser quem é,
E como é.
Ele é trabalhador, sim senhor,
E num supermercado,
Ele é empacotador.
Mas ele já disse,
E já mandou recado:
"Lá no futuro,
Vou ser chefe de algum setor."

E dentro de um pacote,
Ele junta e joga lá dentro,
Preconceito e vergonha,
Arrogância e mentira,
Falsidade, desonestidade e maldade.
Esse pacote ele amarra,
E joga fora no lixo!

Mas ele é empacotador,
E em outro pacote,
Ele põe verdade,
Simplicidade e honestidade,
Amizade e sinceridade...
Bem, o restante,
Que ele põe lá dentro,
E empacota,
Pergunte pra ele...
Porque seu olhar,
Diz muita coisa,
Mas a minha caneta é limitada.

Você, cliente amigo,
Quando receber,
O pacote das mãos do Dinho,
Me diga se você consegue,
Fitar os olhos dele.
Ele é gente fina,
Atrás dos óculos grossos.

Enquanto esse mundinho,
Rima com ‘inho’,
A simplicidade do Dinho,
Rima com ‘ÃO’.
                                                         Abril 2013






2 comentários:

  1. Olá Caro Cleidinei!

    Muito bom, quanta sensibilidade em um "simples" porém intenso aperto de mão, olhar rápido e troca de algumas palavras em um encontro casual.
    Bom seria, se todos pudecemos ter essa percepção; mas, infelizmente alguns de nós, nem vimos o Dinho na rua!
    Um forte abraço,
    Nelson Rodrigues

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    1. Oi Nelson.
      Obrigado por ter lido, apreciado o texto e pelo comentário. Sensibilidade é algo em queda hoje em dia, mas sempre encontramos pessoas com esta qualidade, como você por exemplo.
      Um abraço.

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