segunda-feira, 1 de abril de 2013

Garrafas ao mar

Cada dia o sol anuncia,
E grita lá do alto mais um dia,
E a nossa mensagem,
Sufocada dentro da garrafa,
É jogada e lançada.
Ela vai balançar e boiar,
Na calmaria ou no mar revolto.
O mar a joga pra lá e pra cá.
Tudo balança,
E a tua garrafa,
Pega todas as ondas.
Que radical!
E a tua garrafa,
Suporta sol e chuva.
Suporta todos os perigos,
Do mar e do profundo,
 Deste mundo mundano.
Sem um porto seguro,
Sem um cais amigo,
Sem uma pequena ilha,
Como abrigo para o abrigo.
Parecemos marujos,
De primeira viagem,
No vai e vem,
Nesses sete mares.
Terríveis tubarões são amigos,
Amáveis sardinhas são uns perigos.

Mayday, Mayday!
Gritamos com todos os pulmões,
Mas somos lambaris e não camarões.
Iates passam voando,
E a poeira vai levantando,
E quase a nossa garrafa vai afundando.
Helicópteros de salvamento,
Passam rasantes,
E recolhem uns e outros.
Mas nós não somos,
Esses outros e uns,
E ficamos ali derivando e boiando.
Mas não gritamos e só acenamos,
E jangadas podres,
Ou sacos furados de côcos,
Nos estendem a mão,
E oferecem refúgios.
Bebo um rum,
Agradeço e sigo o rumo.

Quem vê não nos atende,
E finge que não entende,
E diz que tudo é tempestade,
Em copo de água pela metade.
A gente ouve e fica quieto,
E continua navegando sem o remo,
No mar todo inquieto.
E a nossa mensagem,
Na garrafa como embalagem,
Tem de continuar e seguir viagem,
Com apoios ou com estorvos.

Está bem perto a bombordo,
Já vejo o porto a estibordo.
Keep swimming!
                                                          Abril 2013


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